terça-feira, 7 de outubro de 2025

Skinner e o Cérebro

SKINNER Mas será que o cérebro realmente dá origem ao comportamento? Não! Precisa de estímulos externos. O cérebro faz parte do organismo e faz parte daquilo que tem de ser explicado, tal como o motivo pelo qual o cérebro reage a estímulos. TRE = EU PENSO, EU SINTO, EU REAJO. O cérebro não é autossuficiente, ou seja, explicando em condições externas: EU PENSO, EU SINTO, EU REAJO. Aprofundando, os meus estímulos advêm de uma aprendizagem que se deu desde o momento em que nasci e, através das consequências, deram-me a possibilidade de fazer as mesmas escolhas ou até escolhas diferentes. Em muitas crianças acontece isto: aquelas que vêm de casas onde havia violência doméstica ou negligência. Por isso se diz que é difícil o desenvolvimento pessoal dessas crianças, pois o que aprendem desde cedo são estímulos negativos, como o medo, vivendo em ansiedade quanto ao que irá acontecer nesse dia nas suas casas. Aprendem a estar em alerta e não há espaço nem para confiar nem para aprender. Na continuação do seu percurso escolar, começam a notar imensas dificuldades de aprendizagem devido aos acontecimentos exteriores, e o cérebro, que está em alerta, não tem espaço para a introspeção, a análise nem maturidade para isso. A consequência disso é o insucesso escolar e a desistência, deixando apenas espaço para “coisas rápidas”, como a recompensa imediata — e é aí que, muitas vezes, as drogas entram, ou outros comportamentos compulsivos e obsessivos. Obsessivos também porque o cérebro está habituado a obcecar, tal e qual como no passado, pois estava obcecado em manter-se em alerta. O cérebro aprendeu isto tudo por causa dos estímulos que lhe foram dados. Em conclusão, o vídeo de Skinner ajuda-nos a perceber que o comportamento humano não nasce do cérebro em si, mas das relações que o indivíduo estabelece com o ambiente. Assim, o cérebro é apenas o instrumento através do qual respondemos aos estímulos, enquanto o verdadeiro molde das nossas ações está nas experiências, aprendizagens e consequências que vivemos. Como dizia Skinner, “não somos livres no sentido absoluto — somos produtos da história de reforços que o ambiente nos proporcionou”. Nesse sentido, compreender o comportamento é compreender o meio que o criou.